Desta vez, vou falar de um Feedback que recebi de uma paciente. Há meses havia sugerido que ela escrevesse seus pensamentos e emoções como uma forma de recurso terapêutico de autoconhecimento além da psicoterapia:
"Letícia, vim dizer que fazer terapia com você é muito significativo na minha vida, quando comecei a terapia eu nem sabia o que falar, nem me permitia sentir as coisas, estava anestesiada e deprimida. Quando você me sugeriu escrever um diário de sentimentos a chave virou pra mim, me senti mais segura para trabalhar meus sentimentos e mudar as coisas que não me agradam. Seu artigo me contemplou, obrigada por tudo."
Lembrando, a psicoterapia costuma ter um tempo definido, entre 40min e 60 min, é um espaço para trabalhar qualquer questão emocional, pequenos e/ou grandes incômodos que afetam sua vida pessoal, profissional e social. Se mostra um lugar seguro para trabalhar medos, inseguranças, descobrir e traçar novos rumos na vida, tratar sintomas ansiosos, entre outros.
Já a escrita terapêutica é uma ferramenta para você se entender enquanto individuo narrando a própria vida, tomando consciência do que te constitui, o que compõe sua identidade, e com isso criar novas possibilidades de atuação com base naquilo que faz sentido.
Narrando a vida
Na minha última formação em autoconhecimento com a Dr. Barbara S. Takayama, consegui compreender que a escrita é a escuta de si. Quanto optamos narrar determinada experiência estamos mostrando aquilo que nos mobiliza, o que nos faz sentido e nos situamos em um lugar de descoberta.
No dia a dia, nem sempre atribuímos sentido às experiências. Na realidade, só atribuímos sentido quando paramos para refletir sobre elas, ou seja, quando nos distanciamos e pensamos sobre o que significou aquela experiência.
O que foi relatado não é o mais importante, mas sim o sentimento aflorado que se dá nessa memória.
É na história de nossas vidas que os acontecimentos ganham uma ordem, um sentido. Ao narrá-los identificamos o aprendizado que ocorreu e damos maior valor para nossa história.
Esses momentos narrados, podem ser considerados um dispositivo de oportunidade de você se compreender a partir da memória de experiências do passado que, de certo modo, alcançam suas ações futuras.
Você vai perceber que ao fazer um relato, surgirão momentos que te marcaram e definiram como pessoa, também situações que mudaram seus valores e (re)definiram o rumo da sua história.
A tomada de consciência desses momentos revelam as marcas de sua existência, trazendo à luz suas verdadeiras motivações, escolhas, padrões e atitudes.
Na psicoterapia consigo identificar, na narrativa oral, esse mesmo ímpeto de querer atribuir sentido ao que aconteceu ou está acontecendo na vida das pessoas que acompanho. Assim, narrar os fatos da vida, escrevendo ou falando, traz a possibilidade de reconstrução de si, de ressignificação de sua própria história e amplia a oportunidade de criar novas possibilidades.
Para finalizar, sugiro uma escrita focada em autoconhecimento do momento presente. Separe um tempo para você, reflita sobre algum momento atual de sua vida que tem se mostrado significativo e responda as seguintes questões:
1- Quem sou eu agora? (nesse momento, grupo ou família)
2 - O que a experiência de estar aqui fez comigo? (nesse momento, grupo ou família)
3 - O que eu faço com isso que essa experiência fez comigo?
O tempo torna-se tempo humano na medida em que está articulado de modo narrativo; em compensação, a narrativa é significativa na medida em que esboça traços da experiência temporal.
Ricoeur
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Ficarei animada em escrever para você!
por Letícia de Andrade Rodrigues
Psicóloga Clínica de Orientação Junguiana
CRP 08/19065
PSICOTERAPIA ON-LINE INDIVIDUAL
Muito bom Letícia!
É impressionante o quanto aprendemos a nosso próprio respeito, quando nos permitimos e "arriscamos" tomar uma atitude efetiva, de registar nossas experiências, sentimentos, medos, etc.
Excelente texto.