No meu primeiro artigo destaquei que para estabelecer uma boa rotina, que diminua os sintomas de ansiedade, é preciso investir em autoconhecimento. Algumas pessoas conversaram comigo durante a semana sobre como realizar esse investimento e como descobrir o que querem.
Então resolvi falar mais pouco sobre o tema dando algumas dicas de ferramentas para se desenvolver e falando sobre o trabalho da psicoterapia nesse processo.
O autoconhecimento te conecta ao que de fato você quer, ao que você deseja, a quem você quer se tornar. Entenda autoconhecimento como um guia para seu desenvolvimento pessoal.
Uma vez com o olhar voltado para seu próprio processo, você se depara com características da sua personalidade, defeitos e qualidades, suas limitações e potencialidades, valores, desejos e a forma como você se relaciona com as pessoas e o mundo. A partir disso é possível fazer mudanças que melhore sua vida no geral.
Ao contrário, quando não se tem ideia de quem verdadeiramente é, provavelmente você sente algumas dificuldades em lidar com situações e/ou pessoas ao seu redor, não consegue se posicionar e nem sair do lugar, o que gera estresse, ansiedade, frustração e baixa autoestima.
Um ponto chave desse processo é observar e anotar seus pensamentos e emoções, assim você pode perceber em quais situações da vida é preciso buscar outras alternativas de ver e agir no mundo. Você pode ter um diário e fazer perguntas sobre o que te agrada ou desagrada, quais são seus objetivos e quais mudanças quer realizar.
Como a psicoterapia pode ajudar no autoconhecimento
Imagine que você carrega consigo uma mala de viagem. Nessa bagagem há lembranças variadas de sua vida, acontecimentos cheios de afeto que te proporcionaram bons momentos e outros não tão positivos que geraram traumas. Ambos deixaram marcas e são responsáveis pelos valores que você construiu ao longo da vida.
Acontece que esses valores são transmitidos de forma sistemática por nossa família e cultura, mas nem sempre estão alinhados com nossas necessidades e bem estar. Por isso, pode ser que naqueles valores exista um conflito que você precisa trabalhar para se desenvolver emocionalmente.
Porém o caminho não é tão simples, os valores não costumam se alterar pelo ato de saber o que determinado evento do passado causou e, como eles são carregados de forte afeto, é como se automaticamente nos posicionássemos de determinada maneira, mesmo que não seja a mais favorável para nós.
Há certos posicionamentos na psicoterapia que mostram essa dificuldade. Algumas pessoas chegam com a visão de que aquilo que aconteceu com elas lá atrás as definem hoje, como se elas fossem apenas o resultado de sua criação ou de suas vivências traumáticas. De certa forma é como se não existisse outro caminho.
Por exemplo, se você queixa de ter reações muito semelhantes aos seus pais de um modo negativo, cabe a você prestar atenção nisso e não deixar que essas reações tomem conta da sua vida. Contudo, você só conseguirá fazer o que está dentro das possibilidades que existem em você naquele momento de vida.
Na prática, um novo caminho passa a ser considerado quando olhamos além da causa do "nosso jeito de ser" e, junto à psicoterapeuta, buscamos compreender qual é a consequência de determinado comportamento ou visão de mundo que se tem no presente, no agora.
Busca-se explorar a leitura que você teve e continua tendo dos eventos do passado no presente, e como isso afeta a sua qualidade de vida, seu poder de decisão e a maneira como você se relaciona com o outro.
A psicoterapia acaba se tornando esse espaço de autodescoberta, pois ali também é um lugar onde você para, observa e conversa sobre o que te motiva a se relacionar de determinada maneira com o mundo.
Diferente de uma conversa informal, a psicóloga estará atenta aos conteúdos emocionais, aos momentos em que você sentiu ter perdido o controle, as direções que gostaria de seguir, aos valores que lhe foram transmitidos, em como os acontecimentos do passado afetam seu momento atual e as associações feitas durante o relato.
A partir dessa escuta, além de descobrir certos aspectos que antes estavam "fora de sua vista", você também desenvolve a capacidade de mudar o seu presente, pois você se torna capaz de perceber em que direção está indo, se quer continuar nessa direção ou se posicionar de outra maneira.
Não sou aquilo que me acontece, eu sou o que escolho me tornar.
Carl Gustav Jung
E aí, gostou do conteúdo?
Me envie dúvidas e sugestões pelo chat ou pela caixa de mensagens.
Ficarei animada em escrever para você!
por Letícia de Andrade Rodrigues
Psicóloga Clínica de Orientação Junguiana
CRP 08/19065
PSICOTERAPIA ON-LINE INDIVIDUAL
Comments