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Como a Neurociência Aproxima-se da Psicologia Junguiana na Clínica

Olá, espero que essa leitura te proporcione uma experiência leve e cheia de novas perspectivas. Hoje, quero compartilhar um pouco dos estudos que sustentam minha atuação clínica e como a neurociência se aproxima da psicologia junguiana. Vamos explorar esse caminho?


A psicologia é uma área ampla, com atuação em diversos contextos: saúde, serviço social, organizações, escolas, tecnologia, marketing, clínica, entre outros. Embora a formação em psicologia forneça uma base sólida em várias áreas, a atualização constante é essencial para aprofundarmos o que nos interessa.


O psicólogo atua em todas essas áreas?


Não, como mencionei, existem diferentes áreas de atuação, e isso envolve tanto o interesse pessoal quanto a capacitação técnica de cada profissional.


Eu sou psicóloga clínica e da saúde, o que significa que meus interesses e experiências profissionais estão focados nesses dois campos. Ao longo da minha trajetória, desenvolvi competência para lidar com diversas demandas de saúde mental, abrangendo graus leves, moderados e graves. Tenho habilidades específicas para avaliar a saúde mental e identificar possíveis transtornos.

Compartilhando um pouco da minha trajetória clínica, durante a faculdade, assim como a maioria dos psicólogos, precisei escolher uma abordagem teórica. Inicialmente, optei abordagens mais comportamentais – parecia estar mais alinhada ao meu lado pragmático. No entanto, ao estudar teorias da personalidade e me aproximar de abordagens mais centradas no sujeito, passei a me interessar por aquelas que exploram camadas mais profundas da psique humana.


A escolha de uma abordagem teórica na psicologia é essencial para definir como compreendemos o ser humano, suas emoções, comportamentos e relações. Essa escolha atua como uma bússola, orientando todas as fases do processo terapêutico, desde a escuta inicial até as intervenções clínicas.


A psicologia analítica, para mim, tem se mostrado uma abordagem focada na busca pelo autoconhecimento e no desenvolvimento pessoal. Isso inclui desenvolver estratégias para lidar com o estresse, melhorar relacionamentos interpessoais, gerenciar o tempo de maneira eficaz, enfrentar medos e estabelecer limites, entre outras questões.


Conexões Entre Neurociência e Psicologia Junguiana


Um dos conceitos centrais da psicologia junguiana é a ideia de que nossa psique (mente) é composta por várias partes, algumas conscientes e outras inconscientes. A jornada de vida, então, envolve integrar essas partes para nos tornarmos mais inteiros.

É aqui que entra a noção dos "complexos". Na psicologia junguiana, os complexos são formados por emoções, memórias e padrões de comportamento que se organizam em torno de uma ideia central, muitas vezes ligada a experiências passadas. Esses complexos ficam armazenados no inconsciente, mas podem ser ativados por situações do cotidiano. Quando isso acontece, ocorre a chamada "ativação do complexo", onde a pessoa reage de maneira automática, sem compreender bem o motivo.


Por exemplo, uma pessoa com um complexo de inferioridade, formado por experiências em que se sentiu inadequada, pode reagir de forma desproporcional quando se sente desafiada. Mesmo que a situação atual não seja necessariamente ameaçadora, a resposta emocional vem de uma emoção intensificada, que foge ao controle imediato da pessoa.


Na psicoterapia, o objetivo é trazer esses complexos à consciência, para que a pessoa tenha mais clareza sobre suas reações e maior controle sobre suas escolhas. Esse espaço terapêutico permite que se fale sobre as dificuldades em regular emoções e identificar em que momento a situação passou a ser percebida como uma ameaça, ajudando o paciente a reconhecer e lidar melhor com essas reações.

Ao estudar neurociências, percebi várias semelhanças com a psicoterapia junguiana. O conceito de "sequestro da amígdala", por exemplo, descreve uma reação instintiva e emocional do cérebro diante de uma ameaça percebida. A amígdala, parte do sistema límbico, assume o controle, gerando uma resposta de luta, fuga ou congelamento, enquanto o córtex pré-frontal, responsável pelo pensamento racional, demora mais para entrar em ação.


Tanto a ativação de um complexo quanto o sequestro da amígdala envolvem uma perda de controle emocional, com respostas automáticas e intensas a um gatilho específico. Desta forma, o conceito de ativação de complexos, que traz à tona partes inconscientes da psique, encontra um paralelo na ideia do sequestro da amígdala, que nos ajuda a entender as respostas emocionais automáticas.


Identificar quando um complexo está ativado ou quando ocorre um sequestro da amígdala permite que a pessoa desenvolva estratégias práticas para lidar com essas respostas, como técnicas de respiração ou reavaliação de situações estressantes.

Para finalizar, manter-se aberta às novas descobertas científicas é parte essencial do desenvolvimento de um bom profissional, pois a cada novo estudo ou conceito explorado, a prática clínica se expande, beneficiando ainda mais as pessoas que buscam psicoterapia.

 

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por Letícia de Andrade Rodrigues

Psicóloga clínica CRP 08/19065



 
 
 

1 comentario


De fato há um paralelo entre o sequestro da amígdala e os complexos afetivos constelados, tanto que Jung mensuarava alterações fisiológicas diante de palavras gatilho que surgiam durante os testes de associação de palavras. Muito legal!

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