Hoje gostaria de trazer um pouco de ciência ao nosso assunto mudança! Primeiro pela utilidade das informações, segundo por elas responderem algumas dúvidas que recebi no privado e terceiro, para compreender que uma mudança exige motivação e outros esforços psíquicos.
Quando falamos sobre mudanças em nossas vidas, um dos aspectos mais importantes é como nosso cérebro reage a elas. A neurociência, que estuda o funcionamento do cérebro, pode nos ajudar a entender melhor esse processo e como lidar com as mudanças, seja em nossa vida pessoal, familiar ou social.
Nosso cérebro possui diferentes partes que estão envolvidas nesse processo, como o córtex pré-frontal, responsável pela tomada de decisões, o sistema límbico, ligado às emoções, e o núcleo accumbens, relacionado à motivação.
Entender como essas áreas do cérebro funcionam pode nos ajudar a desenvolver estratégias mais eficazes para lidar com mudanças em nossa vida pessoal e reduzir a resistência a elas.
Por exemplo, nosso cérebro tende a resistir a mudanças porque busca manter um equilíbrio estável. Isso significa que pode ser difícil aceitar mudanças em nossa rotina, relações ou estilo de vida, pois isso ameaça a estabilidade que estamos acostumados a ter.
Além disso, tendemos a dar mais importância às perdas do que aos ganhos, o que pode dificultar ainda mais a aceitação das mudanças. E embora nosso cérebro seja capaz de se adaptar, isso pode levar tempo e esforço.
Quando enfrentamos mudanças em nossa vida pessoal, nosso cérebro pode reagir emocionalmente, causando medo e ansiedade. Isso pode dificultar nossa capacidade de pensar com clareza e tomar decisões racionais.
No entanto, a neuroplasticidade do cérebro nos permite nos adaptar às mudanças ao longo do tempo.
Ao buscarmos apoio adequado e nos abrirmos para novas experiências, podemos aprender a lidar melhor com as mudanças e até mesmo associá-las a momentos positivos de crescimento pessoal.
Além disso, os neurotransmissores, que são substâncias químicas que transmitem informações no cérebro, desempenham um papel importante nessas mudanças. Por exemplo, a dopamina está relacionada à motivação e ao aprendizado, enquanto o cortisol está relacionado ao estresse.
Promover uma comunicação clara consigo mesmo, criar um ambiente emocionalmente seguro e oferecer incentivos pessoais podem ajudar a minimizar o estresse e a ansiedade associados às mudanças em nossa vida pessoal.
Quanta informação, não é mesmo?! Porém, entender como nosso cérebro reage às mudanças pode nos ajudar a lidar melhor com elas e promover um crescimento pessoal mais positivo e resiliente.
No contexto clínico, este tipo de conhecimento orienta a olhar para eventuais dificuldades e resistências, compreender o que pode estar causando essas dificuldades e propor mudanças que funcionem.
Quando acompanho alguém em seu processo de mudança na psicoterapia, minha atenção está voltada para o impacto que essa transição está exercendo em sua vida. Nesse contexto, a responsabilidade é identificar cuidadosamente como a pessoa está reagindo a essa mudança, observando diversos pontos-chave:
1. A Natureza da Mudança
Ao iniciar o acompanhamento psicoterapêutico, é essencial compreender a natureza da mudança que está ocorrendo na vida do paciente. Observo como a pessoa reage à mudança e a importância que atribui a ela.
Algumas mudanças são vistas como positivas e desejadas, enquanto outras podem gerar sentimentos de desconforto e resistência. Compreender sua perspectiva em relação à mudança é o primeiro passo para ajudar a passar por esse processo.
2. Qual é a Consequência da Mudança
Uma vez compreendida a natureza da mudança, é importante investigar as consequências que ela trará para a vida.
Algumas mudanças têm um impacto significativo, como mudar de país ou abandonar um vício - parar de fumar por exemplo, enquanto outras são mais sutis, como incorporar pequenos hábitos de autocuidado no dia a dia.
Procuro entender como essas mudanças afetarão o(a) paciente em diferentes aspectos de sua vida, como emocional, social e profissional, e como esta pessoa está preparada para lidar com essas consequências.
3. Conhecendo o Histórico de Mudança Pessoal
O histórico de mudança também desempenha um papel crucial no processo terapêutico. Ao investigar suas experiências anteriores de mudança, posso entender melhor como esta pessoa reage a situações de transição e quais estratégias foram eficazes ou não no passado.
Discutimos essas experiências em sessões de psicoterapia, explorando o que foi positivo, o que foi desafiador e como essas experiências podem influenciar sua abordagem atual à mudança.
4. Observando o Tipo de Personalidade
Cada paciente é único, e sua personalidade desempenha um papel importante em sua capacidade de lidar com mudanças. Observo se a pessoa é mais fechada ou mais aberta, como se relaciona consigo mesma e com os outros, e como isso pode influenciar sua disposição para enfrentar desafios e buscar apoio durante o processo de mudança.
Adaptar minha abordagem terapêutica às características individuais de cada paciente é essencial para garantir um acompanhamento eficaz e personalizado.
5. Compreendendo os Fatores de Resistência
Por fim, busco compreender quais são os fatores de resistência que podem estar impedindo de avançar em seu processo de mudança.
Esses fatores podem incluir medo do desconhecido, auto-sabotagem, crenças limitantes ou padrões de comportamento arraigados. Ao identificar esses obstáculos, posso propor estratégias e intervenções que ajudem a superar e avançar em direção aos seus objetivos de mudança.
Para finalizar o artigo, deixo a seguinte reflexão, assim como a borboleta passa por uma metamorfose para se transformar de uma simples lagarta em uma bela criatura alada, nós também passamos por mudanças em nossas vidas que nos permitem crescer e nos tornar quem estamos destinados a ser.
Compreender como nosso cérebro reage a essas mudanças é como entender os estágios da metamorfose - é essencial para o desenvolvimento pessoal e bem-estar emocional.
Ao abraçar essa transformação é possível se libertar das limitações do passado e voar em direção a um futuro mais promissor.
Quanto mais cedo aceitarmos a mudança, mais cedo poderemos tirar proveito de suas bênçãos.
Clarissa Pinkola Estés
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por Letícia de Andrade Rodrigues
Psicologia analítica e neurociências
CRP 08/19065
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